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domingo, 1 de novembro de 2009

Disfarce





O sonho acabou


Minha face está sem cor.

Vou remoer a saudade,

Vou protestar meu sofrer,

Vou engolir o meu choro.
Vou olhar o infinito.
Com os olhos da solidão
Acompanharei tua partida.
E se por acaso
Voltares...
Ainda que o coração,
Venha a perder o compasso
-usará o seu disfarce!

Diná Fernandes

Inebriada


Imaginei
Você no céu
Da minha boca,

Senti o teu sabor
Que alvoroço...
Me causou!

Busquei o teu abraço
Uma sombra
Abraçou-me!
Entrega inebriada!

Diná Fernandes

Rabiscos


Sou a imagem nua
Rabiscada em tela branca,
Sou a metade da lua
Sou assim meio bronca.

Se o sol me faz festa
O dia me dá trégua,
E se algo não presta
Disso, corro léguas.

Na vastidão do mundo
Não desejo o ostracismo
Mergulho no profundo
Sem pensar no abismo

Ignoro os pormenores
Abro as cortinas do sim,
O mundo é dos atores
A vida é um folhetim

Diná Fernandes

Ladrilho


Eu e você...

Sobre a mesa,
estava meu cristal!

Era tão penetrante
o seu olho gordo!

-estremeçeu!
e espatifou!

No chão, ladrilhos
brilhantes!

Diná Fernandes

Canção das Ondas


Nuvens de cor plúmbea nos céus
Num fim de tarde, na beira do mar
O azul das águas, da cor dos olhos teus
E os meus, por ti, vieram a ressumar

Lágrimas incontidas, como um véu
Cobria-me a face a me torturar
Minha tristeza, o mar percebeu
Suas ondas vieram me afagar

Num ímpeto, meu pranto morreu,
Ondas e mar, comigo a compartilhar
Uma suave canção das ondas, oh! Deus
Sagrado lençol abissal a me acalentar!

Diná Fernandes